Estive recentemente em um congresso sobre bioética e medicina paliativa aqui
Como a oncologia envolve muitas pessoas na terminalidade, achei pertinente. Vou deixar claro que não sou teólogo, não entendo de teologia e nem de filosofia, e por isso já peço desculpas de estiver falando alguma besteira ou redundância.
A primeira consideração interessante colocada foi sobre a integralidade do ser humano. Não se trata o corpo sem tratar o emocional. Citou a historia de uma moça que tentou se matar, não conseguiu, ficou vários dias na UTI, todo o investimento para salva-la. Assim que recebeu alta ela vai e pula de um prédio. Essa pessoa foi tratada? Do ponto de vista biológico sim, mas o resultado final fala por si mesmo.
Tais abordagens foram citadas como “máximos e mínimos.” Mínimos são as atividades e cuidados que todas as pessoas tem direito e deveriam receber: higiene, medicação, dignidade, tratamento médico. O Máximo seria todo o suporte que em um primeiro momento pode parecer trivial para o profissional que está afundado nos problemas do dia a dia: suporte emocional, psicológico, espiritual. Todos os complementos mais “elaborados” que na maioria das vezes passam batidos pela equipe médica, mas para o paciente fazem toda a diferença.
O mínimo, todos deveriam receber. Isso é lei, está na constituição. O máximo deveria estar à disposição, e ser oferecido às pessoas que o procuram
Aí entra o papel da religião. Não sou uma pessoa religiosa, mas só quem vive o que o oncologista vive para saber que a maneira que uma pessoa reage psicologicamente frente à doença faz toda a diferença. O otimista, quem tem fé, quem encara a situação de cabeça erguida, por algum motivo sempre suporta melhor, recupera melhor, acaba o tratamento mais rápido. Nada de ciência nisso, só uma observação pessoal.
Ter aonde se apoiar é valiosíssimo. O exercício de fé de algumas pessoas é suficiente para levá-las até o fim do tratamento sem tanto sofrimento, ou pelo menos com um sofrimento melhor elaborado pelo individuo. A fé como recurso de suporte é extremamente importante, quando presente em “medidas terapêuticas.” Não é o caso da pessoa que abandona o acompanhamento medico porque fez uma cirurgia espiritual ou foi exorcizado ou qualquer outro recurso cientificamente não-válido. Já falei em posts anteriores que não tenho nada contra esses procedimentos, com exceção daqueles que estimulam a pessoa a abandonar o tratamento cientificamente comprovado.
Oi Bruno, gostei muito deste post, principalmente por vir de uma visão de um Oncologista. Sou paciente de Cancer e tenho um blog http://tivecncergracasdeus.blogspot.com.
ResponderExcluirO Câncer como vc sabe é uma doença muito difícil de encarar, pelas incertezas que traz. A pessoa que tem uma confiança em alguma força superior (não precisa ser religiosa) sempre consegue mais forças para enfrentar os desafios.
No meu blog tento passar mensagens de otimisto e fé, porém de maneira mais universalista, sem ser direcionada a uma ou outro tipo de religião ou crença, para que a mensagem possa alcançar um número maior de pessoas, inclusive aqueles que não tem uma religião/espiritualidade.
Felipe
Oi, Bruno !
ResponderExcluirAdorei este post e seu blog também !
É raro um médico achar que fé contribui para cura de uma doença.
Eu tive câncer de mama à 02 anos (estou em tratamento) e confesso que se não fosse a fé e o amor de familiares e amigos, acho que não teria sucesso na batalha contra a doença.
Tenho tanta fé que antes da mastectomia, fiz uma cirurgia espiritual. (relato no meu blog)
Rsrsrsrsr, acho que é pedir demais para que um médico acredite nisso ... mas me ajudou muito.
Bem , parabéns pelo blog e por sua visão. É um grande passo na relação médico paciente. Torna o atendimento mais humano .
abs
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